quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UP - 2009 - 2010 - Pontos Positivos e Negativos

UP - 2009 - 2010 - Pontos Positivos e Negativos

Confira abaixo mais algumas breves notas do que foi esse inesquecível Universo Paralello:

TRECHO SALVADOR/JAGUARIPE

Nosso grupo enfrentou um percurso de quase 6 horas para vencer os 170 km entre Salvador e o festival, uma vez que o motorista se perdeu diversas vezes. Assim, chegamos na portaria às 6 da manha do dia 29.

CHEGADA E PORTARIA

Diferentemente dos anos anteriores, foi dispensado o incômodo (e divertido) pau de arara. Contudo, ao chegarem, os ônibus encontravam a rua bloqueada pelos locais, que se diziam “credenciados” para fazer o transporte das beiradas da ponte até a porta do festival. Pelo percurso de cerca de 400 metros na boléia de Saveiros e Stradas, pagava-se 5 reais. Nao obstante a ilegalidade, é uma ajuda para os moradores da paupérrima Jaguaripe e uma certeza de que a estreita ponte não seria desgastada. Contudo, foi suficiente para exaltar alguns…
O procedimento de entrega do ingresso, fixação das pulseiras, entrega do manual do festival e dos úteis porta-bitucas-de-cigarro além do procedimento de revista das malas levou cerca de 20 minutos. Contudo, nem todos tiveram a mesma sorte. Houve relatos de demoras superiores a uma hora, principalmente no dia 28.

ESTRUTURA DE CAMPING E SEGURANÇA

Ao raiar do dia 29 de dezembro, praticamente só havia espaço para camping na beirada da portaria do festival. Como afirmado pela organização, a região realmente dispõe de muito mais espaços de sombra do que o oferecido pelos esparsos coqueirais de Pratigi. O forte calor bahiano ainda transformava as barracas em verdadeiras saunas, o que impedia o sono dentro delas após as 8 horas da manhã, mas ainda se trata de um conforto a mais em relação às edições anteriores.
Ainda em relação ao sono, logo na primeira noite chamou a atenção a quase ausência de mosquitos. Contudo, essa ausência foi compensada por uma grande quantidade de siris desnorteados. Explicação: a região do camping, outrora dominada pela mata, fora devastada pela organização. Sobre o assunto, veja logo abaixo em LIMPEZA E MEIO-AMBIENTE.
Havia nas áreas de camping alguns pontos de iluminação que, se não dispensavam por completo o uso da lanterna, ao menos traziam uma impressão de maior segurança e algum conforto extra.
Em relaçao à segurança, nosso grupo não teve qualquer problema, e nenhuma reclamação chegou a nossos ouvidos. Portanto, ao que parece, houve grande melhora em relaçao ao ano passado. Contudo, apenas aqueles que sofrem alguma violência é que podem dizer algo com mais efetividade. Felizmente, não conhecemos ninguém que tenha sofrido violencia fisica, furto ou roubo.

SANITÁRIOS E CHUVEIROS

A estrutura de sanitários e chuveiros foi um verdadeiro desastre no festival. Os únicos banheiros com vasos de cerâmica estavam próximos à portaria do evento. O número? Cerca de uma dúzia. Pouco para 10.000 pessoas. O resto da estrutura de sanitários era composta por banheiros químicos, que também eram absolutamente insuficientes em número, e que pelo intenso uso sob o forte calor da bahia, ficavam absolutamente inutilizáveis pela quantidade de dejetos e pelo insuportável odor.
Não bastasse isso, a falta de água foi um problema permanente durante o festival. Assim, durante diversas horas os banheiros ficavam sem nenhum tipo de manutenção. Resultado: até os raríssimos banheiros de alvenaria ficaram insuportavelmente sujos, o que ofendia tanto a dignidade de quem os utilizava quanto daqueles com a infeliz missão de limpá-los. Fica até dificil explicar para quem não esteve no festival o nível absurdo da imundície.
Quanto aos banhos, foi a mesma história. Além de poucos, os chuveiros ficavam desabastecidos durante boa parte do dia e da noite. Quando havia água nas caixas (abastecidas por um caminhão-pipa), não eram raras as filas, e muitas vezes a única opção para se banhar era um poço artesiano nas proximidades do Chill-Out.
Há que se frisar também a ausência de duchas nas pistas, que estavam presentes nas outras edições.
Nessas condições, o braço de rio e o mar viraram opções do público tanto para se banhar quanto fazer suas necessidades. Muitos apelavam até para medicamentos para “prender” o intestino. Público com sua civilidade e dignidade jogada no lixo, desastre ambiental para a região pelo lançamento de dejetos e sabão na água.
Enfim, ponto extremamente negativo para a organização, que deveria ter se preparado melhor e dado prioridade máxima a essa gravíssima questão. A justificativa, dada em folhas sulfite espalhadas pelo festival e por Swarup, logo antes da abertura do Main Stage, foi a de que houve escassez de chuva durante 3 meses e de que “vândalos” teriam destruido os encanamentos. Havia a promessa de que tudo seria solucionado até meio dia do dia 29, o que obviamente não se concretizou.
Contudo, havia um alento. A população da região disponibilizava suas casas para uso sanitário e banhos por quantias módicas, de 3 a 5 reais, logo na saída do festival. Muitos ofereciam inclusive carona. Ainda, há que se dizer que havia momentos, principalmente à noite, em que as filas para banho eram breves ou inexistentes.
Portanto, ponto negativo também para parte do público, que dispunha de algumas alternativas, mas que mesmo assim preferiu degradar o meio ambiente.

LIMPEZA E MEIO-AMBIENTE

Muito embora houvesse quantidade razoável de lixeiras com coleta seletiva de lixo (metal, plástico, papel e “outros”, basicamente), porta-bitucas fossem distribuídas para todos os pagantes, e houvesse boa quantidade de funcionários recolhendo detritos, o lixo se acumulou de maneira extraordinária nas pistas. Cigarros, latas, garrafas plásticas rivalizavam em espaço com o público, a mata e os siris.
Triste visão de acúmulo de sujeira em todas as pistas, nos campings e até mesmo nas águas, que vai contra o ideal ambientalista e causou longas filas no afastado posto médico, recheado de pessoas com cortes nos pés.
Uma das grandes contradições do evento, que se diz pautado na conservação ambiental, foi a “limpeza” da mata para a montagem dos palcos e, principalmente, para abrir espaço para o camping. A população local até agradeceu a iniciativa, vez que dizia que a região era de difícil acesso e recheada de cobras. De qualquer forma, não há como se negar o dano ambiental na região.
O que se pode concluir, infelizmente, é que o evento, embora tenha trazido ganhos econômicos breves para Jaguaripe, causou danos duradouros ou mesmo permanentes ao ecossistema da região, e ficou longe do objetivo de sustentabilidade.
E não resta dúvida que o desastre dos banheiros contribui – e muito – para agravar a situação nas matas e nas águas.

BAR E ALIMENTAÇÃO

A praça de alimentação, menor que na 9ª edição, ficou dividida em duas partes, uma próxima ao Chill Out e outra anexa ao Main Stage. As opções incluíam comida vegetariana variada, yakissoba, crepes, coxinhas e até um buffet. Já os preços, bem, a famosa placa “O Nunes PIROU: 2 pastéis por apenas 11 reais” ilustra bem o fato de que, para se matar a fome, tinha-se que matar o bolso!
O bar teve seus preços levemente aumentados. A água continuou 2 reais, enquanto a cerveja/refri/suco passou para 4 reais, a catuaba/vodka para 6 reais e o energético para 10 reais. Para os prevenidos com bebidas próprias, o copinho de gelo saia por 1 real. Preços condizentes e até menores que os praticados em open airs, mas elevados se considerar que se passa 7 dias por lá.
O jeito era tentar trazer água de fora do festival e improvisar sucos com TANG, ou ir atrás da cerveja de garrafa a 3 reais nos bares locais, fora do festival.
Comprar fichas também era um pequeno suplício. O normal era esperar pelo menos 10 minutos na fila. Então, o jeito era comprar todo o seu consumo do dia (ou de vários dias) de uma vez só.
Em relação às fichas, um ganho em comparação ao ano passado é que elas eram grandes e plastificadas. Quem compareceu à edição do ano passado padeceu com fichas minúsculas de papel, e não era incomum 50 em fichas esquecidas em algum bolso virarem pó após um mergulho.
Outras vantagens eram:
  • latas de cerveja SKOL 355 ml, ou seja, sem as usuais pegadinhas de cerveja ‘mini’;
  • bares amplos e com muitos funcionários, quase sempre carismáticos e comunicativos;
  • bebida SEMPRE gelada, a qualquer hora do dia ou da noite.

DECORAÇÃO E PISTAS

A decoração é uma das características mais marcantes do festival, qualquer que seja a edição. E ela não inclui somente a estrutura de Main Stage e elementos para a pista. Ao longo do festival, diversas obras de arte estão espalhadas, e o fato de a cada dia se acrescentarem novas peças (seja por atraso na montagem, seja de propósito) proporcionava sempre felizes exclamações de “Ei! Isso não tava aqui ontem“.
Personagens místicos, árvores psicodélicas, um gigantesco símbolo de paz e amor, enfim, um sem número de obras de arte ajudavam a criar o ambiente mágico, único e belo característico da UP.
O Main Stage contou com um maravilhoso palco, que imitava as formas de um navio, feito de madeira e panos coloridos, disposto de costas para o mar. Ao fundo, somente o azul profundo do mar e do céu. Ao longo da pista, tendas e coberturas de cores quentes durante o dia e fortes durante a noite, devido à tinta fosforescente e à luz negra, recheadas de detalhes que ficavam mais aparentes dependendo da quantidade de claridade. Fica o aplauso para o trabalho dos Piratas Paralello, Piratas de Ibiza, Lugutestarea, Dalycra, Artfluor e Pintura, responsáveis pelo ambiente.
Além disso, destaque para o playground adulto nos arredores, com bancos de molas e redes que integravam estrutura para descanso. ‘Espetacular‘ é palavra que não basta para definir.
No entanto, nem tudo foram flores em relação ao palco principal. A distância foi obstáculo, pois o espaço ficava muito afastado de todo o resto do festival, exigindo cerca de 500 metros de caminhada na areia fofa. Dentre as conseqüências disso, fica a grande distância do posto médico e a disponibilidade de pouquíssimos banheiros.
O Goa Stage, que fora dado como extinto no decorrer de 2009, esteve presente durante todo o festival. Menor em relação ao ano passado e em meio caminho entre o Chill Out e o Alternative Stage, fica claro o objetivo da organização de trazer mais publico à pista, visto que é palco de sonoridades mais psicodélicas e menos acessíveis. O destaque fica para o divertidíssimo palco: nada menos do que uma Kombi pintada com motivos psicodélicos, no melhor estilo Flower Power dos anos 60. Se a pista era íntima e reduzida no tamanho, não foi econômica na beleza e na criatividade.
A Alternative Stage contou com uma decoração que destoou do resto do festival. Ao invés de celebrar a natureza e as cores, a atmosfera era high-tech, com um domo de ferro em frente a um palco que lembrava o stage de um club. Um pedacinho da cultura eletrônica urbana encravada em frente ao mar. Se era estranha ao restante da estrutura do festival, era bastante adequada para as sonoridades lá apresentadas.
O Chill Out, que na 9ª edição arrancou suspiros dos presentes pela beleza e grandiosidade, ficou devendo nessa edição. Não havia esteiras ou espaços para descanso, e a cobertura de panos brancos, além de não chamar a atenção, era completamente ineficiente na contenção da chuva, o que infelizmente permitiu a este que vos escreve curtir na noite do dia 02 não mais do que quinze minutos das apresentações de dubstep, raríssimas no Brasil.
Som e Apresentações
A parte mais importante de qualquer festa, concordam? Em relação à qualidade e força do equipamento de som, não há como negar que foi absolutamente adequada.
As reclamações de som “baixo”, tão freqüentes em nossas festas nos últimos tempos, não tem nenhuma razão de ser nesse Universo Paralello. Som forte em todas as pistas, com destaque para o verdadeiro massacre que foi o sound system do Main Stage.
Em relação a problemas técnicos, os únicos que presenciamos foram antes da apresentação de Pedra Branca no Chill Out (que levou 2 horas para passar o som) e do The Reality Scientist, que teve diversos problemas com o equipamento antes da apresentação e com o grave durante seu live audio-visual.
Difícil tarefa a de avaliar as apresentações e de eleger “melhores” e “piores”. A diversidade de estilos e o grande número de apresentações nos permitem dar um parecer sobre uma pequena parcela do festival. Portanto, a avaliação a seguir esta sujeita a toda a qualquer crítica e adendo de vocês.
MAIN STAGE
A pista principal teve sua abertura com uma bela apresentação de tribo indígena local, que arrancou entusiasmados aplausos do público. O psytrance em suas vertentes dark, night, groove e progressive dominou o stage nos dias seguintes. Destaques para a apresentação de Neelix, que levantou a galera em um live porradeira; o excelente DJ Set do brazuca Mack;  o prog dark de Fabio Leal; o mega-star Liquid Soul; o brutal groove de Sonic Species e o full on minimalista de Dimitri Nakov e dos meninos do Logica.
Algumas decepções ficam para Quantize, que a despeito do excelente live, manteve a apresentação com som comparativamente baixo ao resto das apresentações; Day Din, que ofereceu somente uma apresentação de tracks syncadas; AKD, projeto aguardadíssimo de progressive trance melódico que, a despeito de suas características “diurnas”, tocou num incompatível horário de 22:45 do dia 31; e principalmente Felguk, que merece algum destaque.
Os meninos de ouro do electro-house nacional foram o único projeto não-psicodélico a tocar no Main Stage, mais precisamente às 17:30, logo antes do break pré-ano novo. Eles apresentaram ao empolgado público (no início, pelo menos) um dj set iniciado com uma melodia de tema natalino, seguida da track “Love to Edit”, do duo italiano Crookers.
Algumas tracks depois, ocorreu o que podemos chamar de um dos momentos mais polêmicos do festival: Felguk toca Benni Benassi – Satisfaction. Isso mesmo, aquela que toca no Pânico na TV, Swingers e nos carrões de porta-mala aberto mundo afora.
Pode-se compreender que o baixo com reverb característico da track atraia os meninos do Felguk, mas o fato é que se trata de uma track estigmatizada e, por isso, pode ser considerada fora de contexto e inapropriada ao espaço.
Ok, o electro é um gênero bem humorado, despojado, pouco sério, “for fun”, e isso explica um pouco a opçao pela track. Mas quem esperava um live análogo à extraordinária apresentação no Alternative Stage de 2009, pouco teve a fazer além de derrubar o queixo.
ALTERNATIVE STAGE
Localizada na areia, na beirada do mar, o íntimo, tecnológico e pouco sombreado espaço dos ditos “baixos bpm’s” foi a casa de apresentações de electro, techno, house e vertentes. Pista extremamente regular, recheada de apresentações notáveis. Nosso limitado destaque, cientes de que vimos uma fração das apresentações, fica para o inspirados DJ Sets de Raul Menelau e de Willian Henry, o live brazuca Sax Appeal, que mistura as batidas do tech house com saxofone ao vivo, e principalmente para o inacreditável set de Quantize.
Se é possível fazer uma nota negativa, essa fica para o ótimo projeto audio-visual The Reality Scientists, que sofreu graves problemas técnicos na montagem de equipamentos e teve os graves falhados durante toda a performance.
CHILL OUT E PALCO PARALELLO
Variados estilos passaram pelo espaço mais terapêutico do festival. Do dub e reggae, passando pelo psychill e chegando até o momento para dançar a dois do Mucambo. Nosso destaque fica para os deliciosos sets de chill out/funk de Soneca e Schasko.

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