quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UP 10

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Universo Paralello #10 – O paraíso existe!

fevereiro 2, 2010
Seis da manhã, um calor abafado e sol quase no alto.
Chegamos à portaria do Festival, e a primeira impressão que eu tive foi de ter voltado no tempo: Hippies jogados pelos cantos, vendendo artesanato e pedindo uma “ajudinha” para entrar no evento. Nada de armações de metal, catracas ou grades: Tudo era feito de palha e bambu, desde os corredores para retirar os convites, até a entrada onde somos revistados.
Pulseirinha na mão, hora de entrar…FINALMENTE!
Pensei que seria fácil chegar ao acampamento, guardar as coisas, trocar de roupa e ai sim chegar de verdade ao Universo Paralello.. Mas fiquei uns bons minutos na portaria esperando pelo Caio, e depois de um bom tempo, aparece um serzinho, suado, com cara de cansado, ofegante, sujo. Pensei até que existia algum feitiço no lugar que transformou meu namorado em duende, mas não, o lugar era enorme, e pra chegar de um lugar para outro, era preciso caminhar… E MUITO!
Caminhando pelo festival, pude notar que ali era uma comunidade construída no meio do nada, começando do nada, um lugar que não dá pra imaginar que foi pensado e criado pelo ser humano, e junto com aquela praia maravilhosa,aquela paisagem que Deus criou, formou-se uma composição linda e totalmente paralela ao que estamos acostumados. Eu não via a hora de poder desfrutar de tudo isso, e as malas já estavam pesando em minhas costas. Andamos cerca de trinta minutos até chegar ao acampamento da Pista Alternativa, e antes disso, recebi uma notícia aparentemente assustadora: “Acabou a água do festival, tem uma galera indo embora”! Pronto! Me lasquei! Sete dias numa praia longe da civilização, e sem água? Será que eu aguento?
Calma, respira.
Preferi primeiro ter certeza de que aquela informação era verdadeira. E era. O Caio e os meninos que já estavam lá, ficaram o primeiro dia sem nem ver a cor da água, restava dar um mergulho no mar ou no rio (que também era salgado) para dar uma disfarçada no calor e no suor.
“Já to aqui mesmo, o negócio é não me preocupar…”
E por não me preocupar, que tudo deu certo. Fui conhecer o festival, dar uma olhada nos palcos, na decoração, em tudo. Era muita informação para os meus olhos! Que lugar lindo! Pessoas de todos os cantos do mundo, um som absurdamente bom, desde o palco principal, até o Chill Out. Uma praça de alimentação ótima, para todos os paladares (do vegetariano até o junkie), uma decoração de cair o queixo e uma paisagem inacreditável!
Quanto à água…Não fiquei um dia sem tomar banho, sem escovar os dentes, sem usar o banheiro. No primeiro dia, tomei banho naquele famoso banheiro coletivo, mas nos outros, tomei o melhor banho da minha vida: Chuveiro eporta…PORTA.
Faltava água às oito da noite, quando o Sol ia embora e TODO mundo resolvia tomar banho no mesmo horário. Imagina só um festival inteiro tomando banho ao mesmo tempo? Eu tomava banho de madrugada, antes de dormir, um horário com poucas pessoas na fila. Fora que dormir cheirosinha é bem melhor. Todo mundo tomava banho e voltava pra bagunça, no meio da areia, num calor de lascar (acredite, de madrugada o calor era o mesmo que durante o dia).
Óbvio que assim como tudo tem o lado bom, também tem o ponto negativo. Banheiro químico em um festival, por exemplo, é a maior burrada de todas. Não pelo banheiro químico em si, mas infelizmente, tem gente que não sabeusá-lo, e eu não preciso dizer como encontrei os banheiros químicos, né? E realmente, o ponto negativo não foi a falta d’água ou ter banheiro químico. O Universo Paralello é um festival lindo, não só por conta da beleza do lugar, do line impecável, da estrutura do lugar e da decoração deslumbrante. É lindo pelas pessoas que o frequentam, conheci um grego engraçadíssimo, um amigo Israelense do Caio veio de Tel Aviv (ok, antes ele deu uma passadinha no Texas) só para passar o ano novo no festival, as pessoas estão felizes o tempo todo, não tem gente “sensualizando”, nem brigando, nem se exibindo. Mas, gente ignorante e sem noção existe em todo lugar, são como as pombas: Uma praga para a sociedade. O ser humano se acha no direito de destruir tudo aqui que vê, se acha todo do mundo e se sente no direito de fazer o que quiser com ele. Muitas pessoas estavam lá, sem nem saber por que, como normalmente acontece na cena eletrônica. O banheiro químico é um exemplo. Não custa nada manter limpo, outras pessoas usam, e você também. É uma questão de respeito com o próximo e com o mundo em que vivemos. Pra que jogar lixo no chão, se é o mesmo chão que pisa? Notei algumas pessoas jogando lixo no chão, sendo que havia muitas lixeiras (todas com plaquinhas para separar o que era reciclável ou não), cheguei até a pisar em uma bituca de cigarro e quase queimei o pé (afinal, Bahia, praia, areia. Ninguém anda calçado) isso porque logo na entrada do festival, é distribuído um cinzeiro para cada um! Isso me deixou muito chateada, mas uma coisa que eu aprendi é que se eu me preocupar o tanto que me preocupo, não me divirto e enquanto isso, todos se divertem.
E foi o que fiz. Ainda bem que em festivais assim, o número de pessoas sem noção é mínimo, por isso pude aproveitar muito bem sem me chatear como acontece na maioria das vezes. A energia do lugar te bloqueia de qualquer tipo de preocupação ou chateação. É uma energia fora do normal, e o mais interessante é que todos a sentem.
A virada do ano é o dia mais esperado. E confesso que foi o dia que fiquei com mais medo. Achei que seria o dia onde as pessoas ficariam fora de si, e que muita merda poderia acontecer. Mas ainda bem que eu me enganei. Todo mundo empolgado, feliz e aproveitando um ano novo sensacional. Não dá pra descrever como foi a virada, mas só de lembrar me dá um arrepio muito forte. Ver a galera saindo da pista e pisando na beira da praia só pra ver o primeiro sol do ano nascer foi impagável, e é a lembrança que mais me emociona!
Voltar pra São Paulo depois de tantas sensações juntas em um mesmo lugar, é muito difícil. Passei a achar tudo muito feio, voltei com outra visão e percebi o quanto desperdiçamos o que temos de mais belo. Se todos conseguissem viver e conviver em uma comunidade, como vivi nesses sete dias, juro, tudo seria BEM MELHOR.
De fato, um universo paralelo existe, mas ainda bem que podemos trazê-lo para a vida real. As experiências vividas, as pessoas que conheci, as belezas que vi. Voltei com corpo e mente renovados. E 
descobri que o paraíso existe e se chama Praia do Garcez, e fica na Bahia!


http://hellodaydream.wordpress.com/2010/02/02/universo-paralello-10-o-paraiso-existe/



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